A neve… O outro lado.
Noto nos últimos anos uma mudança no paradigma de turismo de montanha. Longe vão os tempos de miúdo em que subia à serra em dia de “nevão” mais uns amigos e éramos nós e a montanha, raramente víamos um carro. Falo mais concretamente na Serra da Lousã, Coentral.
Este artigo não tem o intuito de insurgimento contra alguém, a Serra é de todos. Este artigo, é um apelo ao bom senso. Depois do primeiro nevão do ano, este é o “rescaldo” de um fim de semana na neve, é “O outro lado”. A Serra da Lousã em que grande parte do território, como o presenteado na fotografia, pertence à Rede Natura 2000, (que tem como finalidade assegurar a conservação a longo prazo das espécies e dos habitats mais ameaçados da Europa, contribuindo para parar a perda de biodiversidade, em que constitui o principal instrumento para a conservação da natureza na União Europeia) tem um património natural e imóvel qualificados e de interesse público, que têm forçosamente de ser preservados.
Lembro que no ano passado em Castanheira de Pera, decorreu a II Conferência sobre a Serra da Lousã, e um ano antes a I Conferência sobre a Serra da Lousã. Parece-me que alguns passos estão a ser dados, mas muito lentamente. Em dias como o do último fim de semana, algo básico devia ser despoletado em defesa não só da Serra, mas também dos milhares, sim milhares que se deslocaram à mesma. A Serra da Lousã, não é um destino turístico vocacionado de neve, como tal os seus visitantes precisam de “formação” adequada para que não sucedam diversos incidentes ambientais, independentemente da dimensão dos mesmos. Em minha modesta opinião, o problema não são as atividades programadas, que muitas vezes nem são licenciadas o que não permite que com sustentabilidade se usufrua de diversas formas, deste conjunto montanhoso de grande valor. São sim, entre outros, estes momentos raros e belos que a natureza nos proporciona de tempos a tempos, mas que depois (in)voluntariamente resulta sempre em O OUTRO LADO.
Para os próximos dias prevê-se mais neve, talvez se voltem a proporcionar os mesmos quadros de beleza que nos últimos dias, no entanto se não forem nos próximos dias, que seja nos próximos meses ou anos. O importante é salvaguardarmos este património que é de todos e para as gerações vindouras.