Salamandra-lusitânica (Chioglossa lusitanica)
Obtive esta imagem da salamandra-lusitânica (Chioglossa lusitanica), um anfíbio endémico que se distribui ao longo do noroeste da Península Ibérica, presente portanto, em Portugal e Espanha, neste mês de fevereiro na Ribeira de Pera, em Castanheira de Pera.
Distribuição atual da Salamandra-lusitânica – Wikipedia
Sobre esta espécie, podemos destaca-la pela sua cauda longa, o que em adultos pode corresponder a dois terços do comprimento total do corpo. A pele da salamandra-lusitânica é brilhante, apresentando duas linhas dorsais de tonalidade dourada ou cobre que se unem numa única linha ao longo da cauda. Um facto interessante, é que quando se sente ameaçada, esta consegue soltar a cauda, e posteriormente regenera-la. É o único salamandrídeo ibérico com esta capacidade extraordinária.
A salamandra-lusitânica habita em regiões com precipitação superior a 1000 mm e em locais até cerca dos 1400 metros de altitude. Ocupa preferencialmente áreas com vegetação abundante e com elevada humidade, geralmente nas proximidades de ribeiras e cursos de água. A Ribeira de Pera, localizada na Serra da Lousã (Castanheira de Pera), oferece assim o habitat ideal para esta espécie. Sobre a Ribeira de Pera, esta é caracterizada por linhas de água profundamente encaixadas e vegetação ripícola bem conservada, o que faz com que estas formem condições essenciais para a reprodução da salamandra-lusitânica, reprodução que ocorre entre maio e novembro. Durante este período, a fêmea deposita cerca de 15 ovos em locais protegidos e húmidos, como por baixo de pedras ligeiramente submersas, o que era o caso nesta fotografia, ou em concavidades nas margens dos ribeiros.
Indo ao encontro das ameaças, a salamandra-lusitânica enfrenta um risco e uma luta pela sua sobrevivência. A destruição e alteração dos seus habitats naturais, a poluição dos cursos de água e os incêndios florestais são todos eles fatores que contribuem para um declínio das populações desta espécie. Resultado destas pressões, a salamandra-lusitânica está classificada como “vulnerável” no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, o que reforça assim a necessidade de implementar medidas de conservação e proteção dos seus habitats naturais.
Com esta observação na Ribeira de Pera, queria destacar uma vez mais este ecossistema ribeirinho, resultado também ele de um trabalho que vai colhendo frutos e assim garantindo a continuidade não apenas destas espécies endémicas, como também na manutenção de toda uma biodiversidade local.
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