
O potencial da Biodiversidade para o Turismo
Portugal, é ainda um País rico em Biodiversidade. O potencial da Biodiversidade para o Turismo, é uma temática que deveria já constar das prioridades para o progresso e desenvolvimento do nosso território.
A pressão exercida a cada dia que passa em todo o mundo sobre biodiversidade, é imensa. O aparecimento de novas doenças, como ao que tudo indica, a pandemia que agora atravessamos, é disso exemplo e resultado. Assim, é necessário com cada vez mais urgência e ao mesmo tempo, com uma visão temporal mais alargada, olhar para os refúgios e habitats naturais que nos rodeiam, lugares mágicos e singulares e transforma-los em oportunidades. No entanto, é muito importante que, quando juntamos as palavras Biodiversidade e Turismo na mesma frase, devemos fazê-lo com um olhar bastante criterioso e compreender muito bem o significado desta “parceria”. Numa relação, Biodiversidade versus Turismo, temos forçosamente de considerar em todas as abordagens, que uma maior ocupação humana em espaços naturais, os riscos para esses mesmos espaços aumentam exponencialmente.
Chegamos então à sustentabilidade no turismo.
Pode parecer algo difícil ou mesmo impossível de alcançar. No entanto, a sustentabilidade é uma premissa que deve ser encarada como um desafio constante por todos os atores turísticos, sejam eles públicos ou privados. Para que os destinos não se degradem e continuem a proporcionar vivências gratificantes, tanto a turistas como a locais, será necessário estruturar toda uma oferta baseando-a numa experiência de qualidade em que tudo e todos saiam beneficiados. A Natureza e o Homem. Garantimos assim também, que estes possam permanentemente ser visitados por gerações vindouras, gerando valor local.
Novas tendências – Ecoturismo e Turismo Ativo
O Ecoturismo é uma das grandes tendências dentro do sector do Turismo nos últimos anos. Vivo num território carregado de enorme potencial turístico natural e cultural, no entanto, enfrentamos há anos uma enorme dificuldade de consolidação no aproveitamento deste mesmo potencial. Desde acessos precários que considero capitais, à falta de sinalética diversa, assim como também, o inexistente levantamento e interpretação de percursos com valor natural, cultural e paisagístico. Questões estas, que levam a um défice no desenvolvimento de um produto turístico de qualidade, resultando numa promoção territorial, dispersa e pouco eficaz.
O Turismo Ativo, é o mesmo que falarmos de turismo desportivo ou de aventura. Este tipo de turismo, pode ser visto como uma resposta às rotinas do nosso quotidiano. Aqui reside a ideia, de um regresso às origens e ao meio natural de onde o Homem é proveniente. Sofre dos mesmos problemas que mencionei no parágrafo anterior.
Guia para uma capacitação territorial
Biodiversidade e Sustentabilidade
A capacitação territorial, é um processo pelo qual todos os atores envolvidos num determinado território, adquirem aptidões para alcançar um conjunto de metas predefinidas. Estas metas, por via desta capacitação, não significam apenas formação na sua forma mais básica. Devem englobar e explorar grande parte das Soft Skills, como a Comunicação, Pensamento Crítico, a Aprendizagem e a Colaboração.
Toda esta capacitação de um território, por muito pequeno que seja, requer tempo e conhecimento. Falamos de uma capacitação não apenas individual, mas que vai mais além. Desde a organizacional, social como até nas novas tecnologias. Tecnologias estas, que nos podem ajudar e proporcionar uma bidirecionalidade entre todos os envolvidos. Turistas, podem por exemplo, obter informações inovadoras ou de nicho e assim ao mesmo tempo partilhar as suas intenções e/ou resultados das suas visitas. Ganha assim o território, engagement e authority.
Para desenvolver um plano de gestão de turismo sustentável, ainda para mais, querendo potenciar toda a biodiversidade de um território, devemos envolver todos os “stakeholders” relevantes, sejam eles público, privado ou outros. A “mira”, sempre bem apontada para as nossas duas palavras chave. Biodiversidade e Sustentabilidade.
Assim, devemos seguir as seguintes etapas processuais:
- Garantir uma avaliação Ambiental e Social como base de referência;
- Criar um modelo ou conceito de turismo que alicerce todos aspectos dessa avaliação, mais a gestão de receitas e
custos para alavancar e alcançar os benefícios na conservação; - Verificar a possibilidade total ou parcial agregadora e multi-territorial do modelo;
- Implementação do modelo ou conceito;
- Monitorização e avaliação contínua de todas as etapas mencionadas.
O futuro da Biodiversidade e do
Turismo
Aos visitantes e às suas experiências, parece-me que estes são elementos essenciais para o propósito da sustentabilidade e da biodiversidade nestes territórios. Definirmos padrões elevados de sustentabilidade a um nível diferenciador e singular, realçando a excelência da oferta. Sem comprometermos um território, a sua integridade e identidade, conseguimos ao mesmo tempo gerar um modelo económico territorial.
O Turismo, o Ecoturismo, o Turismo Ativo bem planeado, oferece-nos oportunidades únicas de preservação e conservação da nossa natureza e da nossa cultura. Fá-lo, não apenas de forma breve, esporádica ou sazonal mas mais espaçada e equilibrada no tempo. A própria ONU em 2014 em Assembleia Geral, adotou uma resolução em que passou a reconhecer a contribuição do turismo sustentável para a erradicação da pobreza no desenvolvimento dos territórios e na proteção da sua biodiversidade. Já em 2017 também pela mão da ONU, foi declarado esse mesmo ano, como o Ano Internacional das Nações Unidas para o Turismo Sustentável para o Desenvolvimento.
Riscos, Tendências Futuras e Conclusões
Existem riscos para biodiversidade juntamente com o Turismo?
Certamente que sim. Conheço-os muito bem, principalmente na área territorial onde me encontro. Mas o aumento das temperaturas a nível global, que nos afetam particularmente, levam a um aumento de incêndios florestais marcados pela sua maior violência. Este risco, que é claramente calculado, supera em muito tudo o que referi até aqui.
Esta temática, por si só, indubitavelmente daria muito mais que falar, desenvolver e explorar. Espero que tenhas gostado e sente-te livre para dares a tua opinião. Já sabes, também podes subscrever a minha a newsletter e assim não perderes os próximos artigos ou novidades!
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Fotografias: Castanheira de Pera | Serra da Lousã
2021
Dia da Terra, 22 de abril de 2021
Hoje também se comemora o Dia da Terra.
Termino com a sugestão de visualização deste vídeo.
Muita Saúde! Até breve, Jorge
Glossário:
*engagement
Podemos definir este termo, engagement, como a interação entre o turista e o território no seio das redes sociais e motores de busca. Trata-se fundamentalmente na construção positiva e saudável de uma relação de longo prazo entre estes dois “protagonistas”.
*authority
É Um método que podemos usar para acelerar a conquista e a confiança dos turistas, através da aquisição de credibilidade, visibilidade e impacto.