19 Agosto, 2025 0 Comments

Dia Mundial da Fotografia e o poder de congelar o tempo

Consigo olhar para esta fotografia de um pôr do sol e pensar imediatamente no motivo pelo qual, ano após ano, continuo a agarrar na máquina fotográfia. No fundo, a fotografia é o único instrumento capaz de congelar o tempo. E se hoje celebramos o Dia Mundial da Fotografia, é porque há algo de universal e eterno neste gesto tão simples de carregar no botão e registar um ínfimo instante. Mas será que é assim tão simples?

Vivemos numa era em que fotografar é quase um reflexo involuntário. Todos nós, a qualquer momento, pegamos num telemóvel no bolso pronto para eternizar uma saída em família, um concerto ou festa da aldeia ou até mesmo uma sobremesa num restaurante. Nunca se fotografou tanto. Mas paradoxalmente, penso que também nunca se olhou tão pouco para as fotografias. O volume é esmagador, o consumo é efémero, e a maioria das imagens perdem-se em pastas digitais, em cartões, e até em feeds de redes sociais. Às vezes mesmo em backups na nuvem que por vezes até me esqueço que estão lá.

É por isso que este simples pôr do sol, captado em toda a sua intensidade de cores e contrastes, me faz pensar que a fotografia só cumpre o seu verdadeiro papel quando nos obriga a congelar no tempo. Quando nos confronta. Quando nos pede que deixemos de correr para olhar, de facto, para o que temos à nossa frente. Sonhar acordado.

 

Estamos numa era tecnológica, acelerada, marcada por inteligência artificial, algoritmos e um volume de dados que desafia qualquer noção tradicional de memória. E neste turbilhão tecnológico, a fotografia tem um papel crucial pois acaba por ser a testemunha silenciosa deste nosso novo tempo.

Um pôr do sol não é apenas a luz a desaparecer no horizonte. É a prova de que estivemos ali, de que respirámos aquele ar, de que nos deixámos tocar por aquela cor. Uma fotografia de rua não é apenas uma multidão apressada, mas um retrato social de como vivemos nos dias de hoje. Uma fotografia de família não é apenas a soma de rostos, mas um acumular do nosso crescimento e da nossa identidade coletiva.

Neste sentido, fotografar em 2025 é muito mais do que uma atividade artística ou técnica. É uma forma de resistir ao esquecimento. É afirmar que isto aconteceu, isto existiu, eu estive aqui. Isto apesar da maioria das vezes nem aparecer na fotografia…

 

Olhando para o futuro, não posso deixar de pensar no dilema em que nos encontramos. Por um lado, temos a banalização da fotografia, essa avalanche de imagens produzidas todos os dias que acaba por lhes retirar valor. Por outro, temos a oportunidade única de registar o mundo e o que nos rodeia como nunca.

É aqui que entra a diferença entre fotografar e fazer uma fotografia. Fotografar é disparar sem pensar, é acumular ficheiros sem qualquer tipo de filtros. Fazer uma fotografia é olhar com intenção, escolher o enquadramento, sentir a luz, esperar pelo momento. É aquilo que distingue o instante banal da memória eterna.

No futuro, imagino que a fotografia terá de se reinventar. Já vemos inteligência artificial a gerar imagens hiper-realistas que nunca existiram. Já vemos algoritmos a manipular rostos, cenários e emoções. E talvez estejamos a caminhar para um tempo em que será cada vez mais difícil distinguir o que foi captado do que foi inventado. Mas é precisamente aí que a fotografia irá ganhar ainda mais importância porque haverá sempre algo insubstituível na honestidade de um clique, na verdade de um instante não encenado. A alma da fotografia.

 

Não quero, no entanto, tornar este artigo num manifesto pesado. Porque a fotografia também é leveza, também é descontração. Quantos de nós não temos no telemóvel aquela fotografia desfocada, mal enquadrada, mas que nos arranca uma gargalhada sempre que a vemos? Quantos de nós não guardamos imagens aparentemente imperfeitas, mas que carregam o peso das nossas melhores memórias?

É este lado humano, imperfeito, que me faz acreditar que a fotografia nunca perderá a sua relevância. Mesmo que um dia as máquinas consigam criar imagens perfeitas, já o fazem aliás,  de uma beleza calculada ao milímetro, haverá sempre espaço para aquela fotografia tremida, embaçada ou para aquele pôr do sol com as cores ligeiramente estouradas, mas que nos devolve a emoção de estarmos vivos naquele momento.

 

No Dia Mundial da Fotografia, a minha opinião é clara. Necessitamos de reaprender a dar valor às imagens. Menos quantidade, mais intenção. Menos pressa, mais contemplação. Não importa se fotografamos com uma DSLR topo de gama em RAW ou com um simples smartphone em JPEG. O que importa é o olhar que levamos connosco.

 

A fotografia é tanto técnica como emoção, tanto memória como criação. É arquivo e é poesia. É o reflexo do que fomos e a promessa do que ainda poderemos ser.

 

Enquanto existir um pôr do sol, como o da fotografia que me inspirou a escrever estas linhas, haverá sempre alguém a querer pará-lo no tempo. E enquanto houver alguém disposto a fazer isso, a fotografia continuará a ser o idioma universal que une gerações, geografias e culturas.

Porque no fim, cada fotografia é um testemunho, uma pergunta e uma resposta. E no futuro que se avizinha, cheio de incertezas digitais, essa será talvez a maior das nossas certezas, a de que a fotografia nunca deixará de ser… necessária.

 

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9 Março, 2025 0 Comments

Serra da Lousã: Um Instante de Natureza e Biodiversidade

Simplesmente caminhar pela, ou ao longo da Serra da Lousã, é aventurar-nos por uma paisagem onde a vida selvagem ainda encontra refúgio. Esta vida selvagem proporciona momentos únicos para quem gosta de fotografar ou simplesmente, observar  a natureza no seu estado mais autêntico.

Foi numa destas “expedições” matinais, sob um céu parcialmente encoberto e a promessa de chuva iminente, que tive a felicidade de capturar esta imagem singular: dois javalis, ágeis e robustos, a subir tranquilamente por um pequeno declive coberto por ervas altas. Mesmo num dos planaltos da Serra a mais de 1000m de altitude.

A fotografia acaba por nos mostrar muito mais do que dois animais selvagens. Revela um instante de ligação profunda com a natureza, retratando a dinâmica e vitalidade do ambiente selvagem. Os javalis, embora frequentemente considerados animais comuns e até incómodos por muitos, desempenham um papel fundamental na manutenção dos ecossistemas onde vivem. Sendo animais omnívoros, contribuem decisivamente para a dispersão de sementes, ajudando na regeneração florestal e influenciando diretamente na diversidade da flora local.

Na Serra da Lousã, território caracterizado pela sua diversidade ecológica, os javalis representam apenas uma pequena fração da riquíssima fauna existente. Este habitat privilegiado abriga ainda espécies emblemáticas como o veado, o corço ou a raposa, além de inúmeras aves, anfíbios e répteis, todos coexistindo num delicado equilíbrio ecológico. Cada caminhada pelos trilhos desta serra acaba por ser uma descoberta surpreendente, reforçando a importância da preservação destes ecossistemas para as futuras gerações.

 

A flora da Serra da Lousã, por sua vez, não fica atrás em diversidade e beleza. Nas encostas e vales cobertos por florestas densas, predominam espécies autóctones como o sobreiro, o castanheiro e o carvalho, além de matos mediterrânicos e bosques mistos que oferecem abrigo e sustento à fauna local. Durante a primavera, estas áreas são pinceladas por cores vibrantes, com flores silvestres surgindo timidamente entre rochas e raízes Atualmente, mês de março, a urze está a atingir o seu auge de cor púrpura.

Ao fotografar a vida selvagem, como os javalis aqui retratados, sente-se inevitavelmente um misto de aventura e responsabilidade. A adrenalina de nos aproximarmos silenciosamente, a paciência necessária para aguardar o momento certo e o respeito absoluto pelos animais e pelo seu habitat são aspectos essenciais para qualquer fotógrafo ou amante da natureza. Este respeito não é apenas uma regra prática; é uma filosofia de vida, um compromisso constante com a conservação.

É igualmente essencial reconhecer que a interação humana com o ambiente deve ser discreta e consciente. Os javalis, como outros animais selvagens, devem ser admirados à distância, sem interferências que possam alterar negativamente o seu comportamento natural. A nossa presença nestes espaços naturais deve sempre pautar-se pelo menor impacto possível, para que possamos continuar a desfrutar da beleza e autenticidade da vida selvagem.

 

Ao regressar desta manhã, mais uma de incursão pela Serra da Lousã, com a fotografia segura na máquina fotográfica e no seu cartão de memória, ficou claro para mim que imagens como esta têm o poder não apenas de encantar, mas também de educar. São um convite a refletir sobre o nosso papel na proteção dos ambientes naturais, especialmente em locais como a Serra da Lousã, que ainda guardam tantos tesouros da biodiversidade em Portugal e que talvez estejamos perto de ser das últimas gerações a poder testemunha-lo.

 

Que possamos, todos, continuar a percorrer estes caminhos com humildade e respeito, sempre conscientes da nossa responsabilidade em preservar estes ecossistemas, garantindo que as futuras gerações possam também vivenciar momentos tão ou mais especiais como este encontro com estes dois javalis da Serra da Lousã.

 

 

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24 Janeiro, 2025 0 Comments

Musgo: O Pequeno Gigante dos Ecossistemas

O musgo acaba por ser uma planta discreta, mas com uma enorme importância ecológica e ambiental. O musgo pertencente ao grupo das briófitas, é uma planta não vascular ou seja não possui raízes verdadeiras, caules ou flores. Utiliza rizoides para se fixar nas superfícies como as rochas, troncos das árvores ou mesmo nos solos. São estas características únicas permitem que o musgo prospere em condições mais adversas, desde as florestas tropicais e húmidas até a ambientes frios, tornando-o num verdadeiro sobrevivente da natureza.

Do ponto de vista mais científico, os musgos são um “ser interessante”. Como são plantas não vasculares e não possuem tecidos especializados para transporte de água e nutrientes, como a xilema e a floema, dependem assim da difusão e absorção direta através das suas superfícies foliares. É esta simplicidade estrutural que permite que cresçam numa ampla gama de habitats, como acima já mencionei.

 

De acordo com Goffinet e Shaw, no livro Bryophyte Biology, os musgos surgiram há cerca de 450 milhões de anos e foram pioneiros na colonização de ambientes terrestres. A sua capacidade de sobreviver nos solos mais pobres, nas rochas e até em superfícies artificiais, realça a sua resiliência e adaptabilidade. Mais, o musgo contribui significativamente para os ciclos de carbono e nitrogénio, ajudando a armazenar carbono em ambientes como as turfeiras, tornando-os aliados importantes no combate às mudanças climáticas.

Sempre tive uma relação especial com o musgo. Quando era miúdo, admito, que pelo Natal como era hábito em muitas aldeias por todo o país, lá ia apanhar o musgo para enfeitar o presépio. Os tempos eram outros, a sustentabilidade há época era muito maior que a “comercial” nos dias de hoje. Os tapetes verdes e macios dos musgos são um convite para senti-lo nas mãos. Há algo no musgo que evoca tranquilidade. Talvez seja no facto de o mesmo crescer “ali”, silenciosamente, sem necessidade de atenção ou ostentação, mas ainda assim transformando o ambiente em todo o seu redor. Adiante, os anos passaram e, esta admiração apenas cresceu. O musgo não apenas é bonito e fotografável, o musgo é funcional. É funcional pela maneira como retém a água. Estudos mostram que os musgos podem absorver até 20 vezes o seu peso em água, o que ajuda a prevenir tanto a erosão do solo como ainda a regular a humidade nos ecossistemas mais frágeis. Nos locais ricos em musgos, como as florestas mais temperadas, são considerados verdadeiros reservatórios de água. Além disto, o musgo é ainda um indicador de qualidade ambiental. Como é sensível à poluição e às mudanças na acidez do ambiente, a sua presença, ou ausência, podem indicar informações importantes sobre a saúde ou não, de um ecossistema.

 

Um Pequeno Gigante a Ser Preservado

O musgo é uma planta que, embora muitas vezes ignorada, carrega consigo uma enorme relevância, tanto ecológica, ambiental, cultural como até emocional. A ciência tem vindo a confirmar o seu papel nos ciclos da natureza. Devemos, portanto, tratar desta espécie com o respeito que merece. Preservar os musgos e seus habitats não é apenas uma questão ambiental como também um compromisso ético com o equilíbrio da vida e do seu ecossistema.

 

Valorizar plantas como os musgos é fundamental para garantir um futuro mais sustentável. Afinal, muitas vezes, é nos pequenos detalhes que reside a verdadeira grandeza.

Boas fotografias!

 

 

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25 Dezembro, 2024 0 Comments

“Introducing Portugal | NATO Documentary | 1955”

De quando em vez, revejo o documentário da NATO “Introducing Portugal | The Atlantic Community Series | NATO Documentary | 1955”. É-nos apresentado como uma obra que combina a geografia, cultura, economia e o papel estratégico de Portugal dentro da Aliança Atlântica. Produzido em plena década de 50, é um retrato oficial que reflete não só a visão de Portugal como aliado ocidental, mas também “insinua” o esforço de projeção internacional de um regime que desejava ser reconhecido e respeitado no palco internacional.

Para um espectador de Castanheira de Pera, o filme ganha um significado especial ao incluir referências específicas e imagens de locais familiares. Por exemplo, ao minuto 5:45, surgem no nosso ecrã, o Santo António da Neve, local da então freguesia do Coentral Grande. Um sítio com história ligada ao armazenamento de neve, que servia Lisboa, e simbolizava o engenho e a resiliência das comunidades serranas desta região. Ver aqueles Poços de Neve em 1955, é um momento, é um testemunho visual de tradições profundamente enraizadas na Serra da Lousã, revelando um orgulho coletivo pela tenacidade e trabalho destas gentes.

Mais à frente, ao minuto 6:14, vemos a aldeia do Candal, a terra dos meus avós maternos, uma aldeia de xisto, a mais bonita aldeia de xisto incrustada na paisagem serrana. Aqui observamos um pequeno vislumbre do modo de vida rural, sublinhado pela simplicidade, autenticidade e a forte ligação à terra que caracteriza a região. Imagens que apelam à minha memória familiar e à minha continuidade e identidade enquanto pessoa e cidadão.

Rebanho na aldeia do Candal – Lousã (1955)

Apesar de todo o fascínio cultural e pitoresco, não posso ignorar que este documentário é também apresentado como uma peça de propaganda ao regime de Salazar. Filmado em plena vigência do Estado Novo, esta obra exalta a imagem de um país em harmonia, trabalhador e disciplinado, sem mencionar as restrições de liberdade e as desigualdades sociais que marcavam a realidade. Este tipo de produção audiovisual visava mostrar Portugal como um aliado forte e estável dentro da NATO, escondendo a repressão política e os limites impostos às vozes dissonantes da época. A narrativa construída é um reflexo de como o regime procurava projetar uma imagem controlada e idealizada no exterior, disfarçando-se de modernidade e estabilidade em pleno contexto de Guerra Fria. Ao mesmo tempo, onde estamos perante uma cápsula do tempo fascinante e repleta de detalhes históricos e culturais, estamos também a ver um “veículo” de propaganda que nos lembra da complexidade de interpretar o passado com uma visão crítica e informada. Tal combinação de beleza e controvérsia faz do documentário um material essencial para compreender as múltiplas camadas da história portuguesa e os desafios de conciliar memória e verdade.

Deixo a recomendação.

 

Veja o documentário de 1955 no youtube

21 Setembro, 2024 0 Comments

Incêndios: Níveis recorde de emissão de carbono

Níveis recorde de emissão de carbono, numa imagem bem longe dos incêndios (Serra da Lousã) que deflagaram no mês de setembro por todo o interior e norte de Portugal.

30 Março, 2024 1 Comment

Queda de neve em Santo António da Neve *Puro Som

Nas profundezas da bela região de Castanheira de Pera, Portugal, um lugar de imensa serenidade e encanto aguarda os visitantes: Falamos do Santo António da Neve em Cabeço do Pereiro, um refúgio montanhoso de incomparável beleza natural e significado histórico. Situado nas imponentes elevações do Coentral, este local oferece uma experiência única, fundindo a tranquilidade da natureza com a rica herança cultural da região.

A jornada até ao Santo António da Neve é uma viagem através de paisagens deslumbrantes, envoltas pela vegetação exuberante da vertente sul da Serra do Coentral / Lousã. Na chegada, os visitantes são recebidos por uma atmosfera de calma e serenidade, onde o ar fresco da montanha e o silêncio apenas quebrado pelo suave murmúrio do vento criam um ambiente verdadeiramente revigorante.

A história deste local remonta a séculos atrás, quando foi construída a Capela de Santo António da Neve, no século XVI. Esta capela pitoresca, erguida sobre as rochas, é um testemunho da devoção religiosa e das habilidades arquitectónicas da época. Os peregrinos visitam esta capela a cada domingo após o dia 13 de junho, dia de Santo António em Lisboa.

Além da sua importância religiosa, Santo António da Neve também desempenhou um papel vital na história da região como um refúgio para aqueles que procuravam abrigo durante períodos de conflito e instabilidade. A sua localização remota e defensável oferecia proteção contra invasões e incursões, tornando-se um ponto de apoio crucial para as comunidades locais. Exemplo das invasões francesas.

Nos dias de hoje, o Santo António da Neve continua a atrair visitantes de muitos locais, seja pela sua beleza natural intocada, pelas trilhos desafiadores, agora com a recente criada Rota dos Neveiros, que serpenteia pela montanha, ou pela oportunidade de conexão com a história e a cultura. Aqueles que exploram este local único podem desfrutar de caminhadas revigorantes através de florestas exuberantes, descobrindo a diversidade da flora e fauna que prospera em tudo o que rodeia este local.

À medida que o sol se põe sobre estas paisagens deslumbrantes, quem visita este pico montanhoso no centro de Portugal, têm a oportunidade de testemunhar um espetáculo verdadeiramente inesquecível: o céu noturno pontilhado de estrelas cintilantes, sem a interferência da poluição luminosa das cidades. Esta visão mágica, combinada com a tranquilidade da noite, cria um ambiente de contemplação e admiração que permanece gravado na memória dos que o testemunham.

Fotografia de Miguel Marques – Visitem o seu trabalho em https://miguelmarquesphotography.com/

Para aqueles que procuram escapar do frenesi da vida moderna e se reconectar com a natureza e com a história, o Santo António da Neve oferece uma experiência verdadeiramente enriquecedora e transformadora.

Dos locais a visitar pelo menos uma vez na vida!

 

6 Setembro, 2023 0 Comments

Alterações climáticas: O colapso climático começou

As alterações climáticas têm sido um tema de crescente preocupação global nas últimas décadas, com evidências científicas cada vez mais claras de que o clima da Terra está a sofrer mudanças rápida e significativas.

26 Março, 2022 0 Comments

Passadiços do Cerro da Candosa em Góis

Conheço este local há muitos anos e segui virtualmente todo este processo de implementação de mais um Passadiço em Portugal, neste caso os Passadiços do Cerro da Candosa em Góis, perto de Vila Nova do Ceira.

Como já escrevi anteriormente num outro artigo, não sou fã deste tipo de infraestruturas, reconhecendo, no entanto que atualmente e sendo uma tendência nacional, são destinos muitos procurados que podem trazer algumas mais valias a estes locais já de si muito bonitos e interessantes. Quem é fã de passadiços e responsável por ter ido visitar uns quantos, é o meu filho de sete anos e foi precisamente no dia do Pai que escolhi fazer esta visita.

Na chegada e como primeiras notas logo no imediato, a limpeza em todo o espaço isto apesar das cerca de duas dezenas de pessoas que se encontravam na altura aqui, o que indica que estes passadiços têm tido muitos visitantes. Também e muito importante a construção. Muito boa qualidade de construção e segurança. E não é para menos já que em algumas zonas se ultrapassam facilmente vistas com 25m a 30m de altura. Vertiginoso!

Por fim, realço ainda de enorme importância um facto que escapará à maioria. A Junta de Freguesia de Vila Nova do Ceira, promotora do projeto, entregou a construção deste equipamento à empresa Movi Carvalho da Freguesia vizinha de Serpins. É muito importante que se chamem as empresas locais e próximas a cooperarem na implementação destes e de outros projetos estruturantes. Muito bem.

Voltando ao Passadiço, este tem cerca de 1200m (ida e volta). Pode parecer pouco, no entanto tem excelentes miradouros que permitem tirar belas fotografias ao vale do rio Ceira e à extraordinária Garganta do Cabril do Ceira.

Menos positivo, o facto de mais uma vez se construir um Passadiço “por cima” do anterior caminho pedestre. Penso que os “passadiços” poderiam ser mais extensos com recurso a menos madeira. Onde fosse possível caminhar em solo firme não haveria lugar a madeira ou a passadiço. Teríamos assim percursos mais extensos, mais sustentáveis e acima de tudo mais em equilíbrio com a natureza.

Mas vale a pena a visita, os mesmos são visitáveis em apenas uma hora, portanto se estiverem de passagem é uma paragem obrigatória e a não perder.

Em baixo deixo-vos com um mapa de localização, assim como algumas fotografias que tirei durante a minha curta passagem.

Um forte abraço a todos,
Até breve,
Jorge Nunes

14 Agosto, 2021 0 Comments

Nevoeiros de verão, é a oferta de julho

“Nevoeiros de verão” é uma imagem que te conduz para um desconhecido. Uma imagem que te leva a refletir sobre a tua passagem por este mundo e a marca que queres deixar nele.