O que não precisas como iniciante em fotografia
A indústria da fotografia está a lançar novos equipamentos praticamente todos os dias, dando e criando a ideia de que são estes mesmos equipamentos que tornarão os fotógrafos, melhores fotógrafos. Não podemos negar, a fotografia é um investimento em conhecimento e equipamento na sua maioria. Na sua maioria também, é verdade que muitos dos equipamentos não são necessários ou imprescindíveis.
Ao iniciarmos uma jornada em fotografia, ficamos de imediato perante um desafio de termos de filtrar todo um ruído e decifrarmos o que é “obrigatório” versus “bom ter” ou “totalmente desnecessário”. Em baixo deixo algumas dicas sobre o que podemos colocar de parte e passar a aprender, economizando dinheiro e mantendo o foco no que mais realmente interessa.
Máquina Fotográfica
Obviamente que uma máquina fotográfica é o primeiro passo para começarmos a fotografar. E embora possamos sentir-nos tentados pelas melhores e mais recentes máquinas fotográficas do mercado, perdemos logo essa vontade ao ver valores de três ou quatro mil euros, só para a câmaras fotográfica. Máquinas caras e demasiado avançadas para o nível em que nos encontramos.
Ao escolhermos uma primeira máquina, é muito importante planear com antecedência a marca e o sistema que pretendemos por forma a dar-nos tempo e espaço para crescermos enquanto fotógrafos, caso contrário estamos a ir por um caminho em que estamos a investir demasiados recursos dos quais provavelmente não iremos aproveitar no imediato e ao longo da nossa linha de aprendizagem. Por exemplo, imagens com maior resolução não são necessárias para muito daquilo que pretendemos, no entanto, esta característica aumenta em muito a barreira de entrada (preço).
Telefoto ou grande angular
As objetivas são um componente crítico para explorar os aspectos criativos na área da fotografia. No entanto, não devemos sentir que precisamos de comprar um kit completo de objetivas no imediato. É muito mais importante ter algumas objetivas de qualidade com distâncias focais úteis e explorarmos ao máximo o que delas conseguimos retirar e obter. Será com estas objetivas que vais aprender o básico de exposição e composição e mesmo após este passo apresentar resultados extremamente “profissionais”.
Ao longo dos meus mais de 15 anos neste mundo da fotografia, passei por todos estes momentos e dúvidas. No entanto posso dizer que aprendi imenso a tirar fotografias com uma objetiva fixa de 50mm. 50mm dá-nos uma visão muito próxima da nossa, o que é uma grande ajuda falando de distorções e perspectivas que diferentes distâncias focais podem causar. Obviamente que 50mm é curto, apesar de como disse ser uma óptima objetiva para aprender. Se quisermos mais versatilidade, então podemos optar por outras objetivas, 24x70mm ou mesmo 24x105mm são boas opções para começar. Aqui vão observar que quanto mais “luminosa” for a objetiva ou seja quanto mais baixo for o valor de “F”, mais cara se torna a objetiva.
Estas objetivas grande angular e telefoto são muito fáceis e úteis de se usar em determinadas situações, no entanto podemos encontrar alguma complexidade especialmente quando entramos em tópicos como a profundidade de campo e distorção. Estes tópicos são mais fáceis de compreender com uma objetiva “normal”, ou seja, com uma distância focal próxima à nossa, os 50mm. Depois de descobrirmos todos os segredos da nossa máquina fotográfica e das nossas objetivas, pode ser a hora de fazermos um upgrade.
Os filtros
Os filtros de densidade neutra (ND) e polarizadores têm espaço e utilidade e podem valer a pena adquirir mesmo que estejas a iniciar em fotografia. Os filtros ND vão reduzir a quantidade de luz que entra na objetiva, permitindo o uso de aberturas amplas ou exposições longas, mesmo sob luz mais forte. Por exemplo nas imagens de cascatas que faço com alguma regularidade em que a água parece estar arrastada.
Os filtros polarizadores, tais como os óculos de sol polarizados, vão reduzir o brilho. Intensificam por sua vez o céu azul e saturam no geral mais as cores, tornando-os úteis para fotografar água ou trabalhar em condições de sol forte ou luz vertical. Tanto os filtros ND e polarizadores não são obrigatórios ter na mochila, há filtros para todos os valores e caso não tenhas carteira para os mais caros, podes deixar para depois. No entanto, o segredo é investir em filtros de qualidade. O vidro pelo qual a luz passa no filtro afeta significativamente a qualidade da imagem, portanto, se optarmos por filtros baratos (incluindo filtros ND e polarizadores) vai afetar e impactar negativamente as nossas fotografias.
Tripés
Os tripés baratos são normalmente mais frágeis também o que anula a própria finalidade do mesmo. Em vez de obtermos fotografias completamente nítidas e estáveis, vamos obter exatamente o contrário. Na pior das hipóteses, em dias de algum vento, podemos ver a nossa máquina fotográfica ir ao chão com resultados catastróficos. Não pretendemos isso. Estes tripés mais baratos tendem a partir ou estragar-se mais rapidamente com o seu uso. O tripé que tenho em uso, custou-me há cerca de 5 anos quase 300€. Há melhores, há piores. Acima de 100€ já se encontram algumas boas opções.
Outros equipamentos e Softwares
- Flash ou conjunto de Flashes
- Software de edição pago (Adobe Photoshop / Lightroom – https://www.adobe.com/)
- Software Gratuito (Photopea – https://www.photopea.com/)
- Tablet (Edição rápida para redes sociais)
Resumindo
Vamos sempre lembrar-nos disto. Vamos investir em equipamentos que vamos realmente utilizar.
Mais equipamento nem sempre significa melhores fotografias, e equipamentos mais caros não são certamente um atalho para alcançar os nossos objetivos em fotografia. Vamos manter o foco no humanismo na fotografia e menos da “maquinaria” da mesma. Vamos focar-nos no nosso olhar.
Boas fotografias a todos, espero que tenham gostado.
Até breve,
Jorge Nunes